Translate to English Translate to Spanish Translate to French Translate to German Translate to Italian Translate to Russian Translate to Chinese Translate to Japanese

Rating: 2.8/5 (60 votos)




ONLINE
1


Partilhe esta Página





Total de visitas: 10368
Solução Técnica
Solução Técnica

CRIAÇÃO DE PEIXE

 1 – INTRODUÇÃO

 1.1 – CONCEITO

 Criação de peixe ou piscicultura pode ser definida como um processo de produção de peixes em cativeiro, em qualquer fase de seu desenvolvimento (ovas, alevinos, juvenis e adultos), além de ser uma atividade importante e economicamente viável.

Na prática, existe a piscicultura de peixes de água doce (mais difundida), e a piscicultura de peixes de água salgada (menos difundida).

A piscicultura possui diversos níveis de produção e finalidades (criação de alevinos, criação de peixes juvenis e adultos, pesque-pague, abate e processamento), com características bem distintas entre si.

 Nota: A ênfase deste trabalho será para a criação de peixes juvenis e adultos!

 


  1.2 – GENERALIDADES

 Diversos estudos sobre a piscicultura dizem que a demanda mundial pelo pescado (peixes abatidos para fins alimentícios) cresce num ritmo cada vez maior, principalmente devido ao aumento da população e à mudança de hábitos alimentares. Logo, oferece uma alternativa natural para o suprimento desse mercado. A entidade FAO, ligada a ONU estima que a piscicultura será responsável pela produção de 40 % dos peixes consumidos no mundo até 2010.

No que diz respeito ao Brasil, há uma tendência promissora em virtude do potencial inexplorado de seu mercado consumidor, aliado ao excelente clima e a presença de recursos hídricos abundantes, compreendendo cerca de 8,4 mil Km de litoral e 5,5 milhões de hectares de reservatórios de águas doces, que representam quase 12 % da água doce disponível no planeta.

A piscicultura oferece oportunidades para todos os tipos de Empreendedores, conforme o nível e tipo de negócio escolhido. Entretanto, esta é uma atividade que exige muito conhecimento técnico e experiência, uma vez que lida com peixes vivos juntamente com diversos procedimentos e técnicas, ao longo do processo.

Recomenda-se que um Empreendedor com pouca experiência nesta área, inicie a sua piscicultura visando o mercado local, principalmente em função das dificuldades de estocagem e transporte dos peixes sob grandes distâncias. Assim, os seus consumidores serão:

 - Consumidores individuais para consumo direto e imediato;

- Abatedores e afins que adquirem os peixes para beneficiamento e venda, tais como: frigoríficos, supermercados e restaurantes;

- Indústrias que usam os peixes como matéria prima para produtos de maior valor agregado.

 Fatores importantes para o sucesso do negócio: a qualidade do produto, o custo competitivo, a localização estratégica, a facilidade para distribuição e comercialização e a diversificação de espécies.

 A necessidade de cuidados veterinários com a criação, a limpeza geral dos tanques, a boa saúde dos empregados e a qualidade das rações, além de boas instalações e manutenção adequada são fatores importantíssimos.

 A produtividade de um ou mais viveiros ou tanques de peixes dependerão basicamente das técnicas empregadas, das espécies criadas, da disponibilidade e qualidade da água, das condições do solo, bem como, do grau de dedicação do Empreendedor.


  1.3 – VIVEIRO OU TANQUE PARA PISCICULTURA

 Um viveiro ou tanque para piscicultura, seja natural ou artificial, exposto ao ar livre ou não, independente do tamanho, apesar de parecer um ambiente parcialmente ou totalmente controlado, na verdade consiste de um ecossistema complexo que deve ser conhecido e estudado pois  todas as suas características sofrem a ação do meio ambiente, além da interação entre os organismos presentes. Assim, recomenda-se conhecimento biológico e também interação entre eles.

Abaixo, estão listados e descritos de forma simples, os organismos presentes num ecossistema aquático:

 Plâncton: 

São os organismos microscópicos que têm pequeno poder de locomoção e geralmente estão em suspensão na água, podendo ser de origem vegetal (fitoplâncton) e animal (zooplâncton), sendo a base de toda a cadeia alimentar. O fitoplâncon é composto pelos organismos autotróficos (produtores), tais como: bactérias, microalgas, etc. Já o zooplâncton é composto pelos microcrustáceos, protozoários, rotíferos, etc.

 Nêuston: 

São os organismos que vivem na região entre a água e o ar, tais como algumas algas, bactérias, fungos, insetos, etc.

 Nécton: 

São os organismos vertebrados que têm grande poder de locomoção e são capazes de vencer contra fluxos de água, tais como os próprios peixes e alguns anfíbios, répteis e mamíferos.

 Bentos: 

São os organismos que habitam o fundo (sedimentos) dos viveiros, tais como as algas, larvas de insetos, moluscos, etc, que contribuem para a decomposição e reciclagem dos nutrientes.

 Perifíton: 

são todos os microorganismos, tais como bactérias, fungos, microalgas, etc, que vivem aderidos em todo tipo de material existente no fundo dos viveiros (canos, pedras, raízes, troncos, etc).

 Macrófitas aquáticas: 

São os vegetais superiores enraizados ou não, que podem existir tanto na superfície como no fundo dos viveiros.

 Quanto à cadeia alimentar, pode-se classificar tais organismos, da seguinte forma:

 Produtores: 

São o fitoplâncton, macrófitas e fitobenthon que usam a luz do sol, água e gás carbônico para produzirem o seu alimento, através de fotossíntese.

Consumidores Primários: 

São os peixes herbívoros que se alimentam dos organismos autotróficos (produtores). 
Consumidores Secundários: 

São os peixes carnívoros que se alimentam dos peixes herbívoros, larvas de insetos, insetos, etc. 
Decompositores: 

São as bactérias, fungos, algas, etc, que decompõem a matéria orgânica (folhas e raízes mortas, restos de peixes, etc) existentes no fundo dos viveiros, promovendo a reciclagem dos nutrientes.

 


 1.4 – ESPÉCIES DE PEIXES

 Quanto à escolha de uma ou mais espécies de peixes a serem criadas, recomenda-se uma prévia e especializada consultoria, aliadas às dicas abaixo:

 - Definir espécies de fácil propagação, seja de forma natural ou artificial.

- Definir espécies e quantidades adequadas, conforme a sua finalidade (lazer, abate, etc).
- Definir espécies adaptadas ao clima da região e que coexistam pacificamente.
- Adequar a quantidade de peixes, de acordo com o tamanho dos viveiros ou tanques.
- As espécies devem apresentar rápido crescimento e hábitos alimentares padronizados.

- As rações (alimentos) devem estar disponíveis em quantidades e custos compatíveis.

- As espécies devem ser resistentes às rotinas de criação e às doenças mais comuns.

- As espécies devem ter boa aceitação no mercado com custos competitivos.

- Adquirir peixes de empresas confiáveis, que ofereçam peixes saudáveis e de boa procedência genética.

 Baseado nos critérios acima, dentre as inúmeras espécies de peixes existentes no país, sejam de água doce ou água salgada, destacam-se algumas que possuem importância econômica e que podem ser criadas em cativeiro. Abaixo, as mesmas encontram-se enumeradas com as respectivas imagens e características principais, através de hiperlinks provenientes de duas fontes distintas:

 


 Fonte 1: Portal Pesca Brasil.

 Água doce

apaiaribarbadobico de patocascudocurimatãdouradod.cachorrojiripocalambarimandimussumpacupalmito, piaupintadopiranhapiraputangaraiasaiacangasurubintraíratuvira

 

Água salgada

agulhão velaalbacora bandolimalbacora de lageatumbadejobonito de b. listadabonito,  camarãocavalacavalinhachernecongriocorvinadouradoenchovaespadartemerluzapargo,peixe sapopescadasardinhatainhatrilha, tubarão 


 Fonte 2: Rio Doce Piscicultura.

 Água doce

Apapá, aruanã, barbado, black bass, cachapira, cachara, cachorra, carapari, carpa cabeçuda, carpa capim, carpa colorida, carpa húngara, catfish, curimbatá, dourado, jatuarana, jaú, jundiá cinza, jundiá rosa, jurupensém, jurupoca, lambari, mandi, matrinxã, pacu, patinga, piapara, piau-três-pintas, piavuçu, pintado, piracanjuba, piraíba, pirapitinga, piraputanga, pirarara, pirarucu, surubim, tabarana, tambacu, tambaqui, tilápia, traíra, trairão, truta amarela, truta arco-íris.

 


 

 1.5 – HÁBITOS ALIMENTARES

 De forma geral, os peixes podem ser considerados onívoros em relação as suas preferências alimentares, tanto em condições naturais como artificiais. No entanto, na maioria das vezes, tais seres apresentam melhores condições de vida quando se alimentam, ou são alimentados, conforme a natureza da sua espécie, ou seja:

 Carnívoros:

São peixes que se alimentam de animais diversos, tais como anfíbios, cobras, crustáceos, insetos, peixes menores, etc. Por exemplo, o black bass, o dourado, o pintado, a pirarara, o pirarucu, o surubim, a traíra, a truta arco íris, o tucunaré, etc.

 Frugívoros e Herbívoros:

Frutas e sementes, e algas e plantas, respectivamente. Por exemplo, o pacu e o tambaqui (frugívoros), e a carpa capim, a piapara e a tilápia rendali (herbívoros), entre outros.

 Iliófagos e Detritivos:

São peixes que se alimentam de organismos bentônicos. Por exemplo, a carpa comum, o cascudo, o curimbatá, etc.

 Planctófagos:

São peixes que se alimentam de plâncton. Por exemplo, a carpa cabeça grande, a carpa prateada e a tilápia do Nilo, dentre outros.

 Onívoros:

São peixes que se alimentam de todo tipo de comida. Por exemplo, a carpa comum, a matrinxã, o pacu, o tambacu, etc.

 Por outro lado, os peixes não necessitam de calorias para manter a sua temperatura corporal, uma vez que são pecilotérmicos, mas precisam de energia para nadar, formar novos tecidos, manter o equilíbrio osmótico e outras reações necessárias para a manutenção da vida. Logo, os peixes têm uma menor necessidade de ingestão calórica, em relação aos animais de sangue quente, pois regulam a sua alimentação pela ingestão energética.

Assim, uma ração deficiente em energia provocará um consumo de alimento maior e em casos graves, a proteína será convertida em energia para a manutenção, antes de ser usada para o crescimento. Enquanto que, uma ração com excesso de energia limita a ingestão de alimento e, consequentemente limita a ingestão de sais minerais, proteínas e vitaminas. Concluindo, o excesso de energia e/ou de proteína pode causar um acúmulo de gordura indesejável.

Quanto às vitaminas, os peixes devem receber uma suplementação de vitaminas hidro e lipossolúveis para atender as suas necessidades diárias. Logo, as vitaminas adicionadas à ração são: A, B, C, D, E e K, além do ácido fólico, ácido pantotênico, biotina e inositol.

Já os sais minerais agem como osmoreguladores e manutentores do metabolismo dos peixes, que podem absorver uma parte da própria água, e outra parte das rações. Os sais minerais são o Cálcio (Ca), Cobre (Cu), Cobalto (Co), Ferro (Fe), Fósforo (P), Iodo (I), Magnésio (Mg), Manganês (Mn), Potássio (K), Selênio (Se), Sódio (Na) e Zinco (Zn).

 


 1.6 – DOENÇAS MAIS COMUNS

 Um viveiro ou tanque com boa qualidade de água e um bom manejo (tratamento periódico), não costuma apresentar problemas de doença ou de estresse.

Se forem colocados peixes sadios, as doenças só ocorrerão no caso de distúrbios nutricionais ou estresses provocados por um ambiente ou manejo incorreto, tais como, choques térmicos, que pode causar a diminuição da resistência dos peixes, facilitando a ação de microorganismos oportunistas.

Como toda doença, a mesma pode ser tratada e curada, mas dependendo do tipo e agressividade, pode ocorrer eventualmente mortandade dentro dos viveiros ou tanques.


  Seguem abaixo a descrição de algumas doenças e as formas de tratamento:

 Argulose (Argulius folhaceus ou Argulos japonicum):

Conhecida como piolho de peixe (copepodos achatados de 3 a 8 mm), onde uma forte infestação pode ser fatal. Os peixes apresentam movimentos nervosos das nadadeiras, além de pontos avermelhados na pele, podendo ser tratados com organo-fosforados a cada 24 hs.

 Costíase (Costia necatrix):

Conhecida como doença de véu, que atinge na maioria das vezes alevinos com crescimento retardado, que apresentam um véu nas nadadeiras, pele, brânquias, além de muco nas guelras, podendo ser tratados com uma solução de 25% de sal (NaCl) durante 15 a 20 min, ou formol em 1:5000 (20 ml de formol a 40 % por 100 ml de água) durante 45 min.

 Girodactilose (Gyrodactylidae):

É uma parasitose favorecida pela baixa temperatura da água e pH ácido, que tornam os peixes pálidos, devido a presença de um muco, além de nadadeiras quebradiças, onde a mortandade entre alevinos e juvenis pode ser alta. Pode ser tratada com formalina a 0,1 %.

 Hidropisia infecciosa:

O causador desta doença ainda não foi identificado, mas já foram identificados dois tipos - a intestinal e a ulcerosa, onde a primeira caracteriza-se pelo acúmulo de líquido na cavidade abdominal (ascite), quando o ventre do peixe fica abaulado e flácido, e a segunda caracteriza-se por ulcerações na pele e nadadeiras parcialmente destruídas.

 Ictioftiríase (Ichthyophthirius multifiliis):

É uma parasitose de difícil controle favorecida também pela baixa temperatura da água, que se apresenta sob a forma de pontos brancos na pele, principalmente nos opérculos e nadadeiras, fazendo com que os peixes fiquem inquietos raspando o corpo nas paredes do viveiro. Pode ser tratada com verde de malaquita a 0,1 mg/lt durante 24 hs.

 Saproleniose (Saprolegnia achyla):

É uma parasitose favorecida pelo excesso de matéria orgânica (restos de ração) no fundo do viveiro e baixa temperatura da água, onde os peixes apresentam manchas brancas ou tufos similares ao algodão em algumas partes do corpo. Pode ser tratada com azul de metileno ou verde de malaquita a 1,0 mg/lt durante 24 hs.

 Intoxicação alimentar:

É causada pelo excesso de ração ou mesmo ração deteriorada, sendo que os peixes ficam próximos à superfície do viveiro, com o ventre estufado e as escamas geralmente eriçadas.

 


 

1.7 – CLASSIFICAÇÃO DA PISCICULTURA

 Atualmente, existem diversos sistemas de piscicultura, onde a escolha dependerá de certos fatores, ou seja, o tamanho do investimento, a disponibilidade de insumos, expectativa de produtividade, tipo de tecnologia, etc. Basicamente pode-se classificar a piscicultura em três tipos, de acordo com o nível de complexidade do sistema:

 Extensiva:

Praticada em açudes, lagos, lagoas e reservatórios que não foram construídos para a piscicultura, mas para outra finalidade, como bebedouro de animais, geração de energia elétrica, etc. Tal tipo apresenta os menores índices de produtividade, pois a alimentação dos peixes dependerá da produção natural desses ambientes. A taxa de estocagem é de 1 peixe para cada 10 m², ou cerca de 200 a 400 Kg por hectare/ano .

Por outro lado, é um tipo de piscicultura simples, com pouco controle sobre o meio ambiente e desenvolvimento dos peixes, requerendo pouco investimento e geralmente aplicado para consumo familiar.

 Semi-intensiva:

Praticada em viveiros de barragem, onde podem ser aplicadas técnicas de adubações da água, para aumentar a quantidade de alimentos naturais, além da alimentação com rações diversas. A taxa de estocagem é de 3 a 5 peixes por m², ou cerca de 3000 a 7000 Kg por hectare/ano.

Tal tipo de piscicultura permite um maior controle sobre o meio ambiente, podendo-se esvaziar os viveiros, para fins de manejo e despesca (coleta), além de conhecer-se o número de peixes presentes, permitindo a programação da produção.

No Brasil, esse sistema é aplicado em mais de 95% das pisciculturas existentes.

 


 

Recomendações:

 Viveiros

A construção é planejada, onde se usam máquinas para escavação do solo, sendo que o viveiro deve ter uma declividade para favorecer o total escoamento da água e facilitar a despesca. A profundidade varia em torno de 1 m, mas a coluna de água deve ser de 70 cm, onde ocorre a fotossíntese com maior intensidade.

 Adubação:

Para a maximização da produção de alimento natural, devendo ser feita com adubos orgânicos (esterco de bovinos, suínos, etc) ou químicos (fontes de nitrogênio e potássio) apropriados.

 Espécies:

Podem-se criar espécies com diferentes hábitos alimentares e convivência pacífica, tais como a carpa capim, a carpa comum, o pacu e o tambaqui.

 Alimentação

Como não há renovação da água dos tanques e existe uma adubação periódica do viveiro, o fornecimento de ração não deve ser superior a 50 kg/hectare/dia. Se isto ocorrer, o ambiente não reciclará o excedente e o consumo de oxigênio pelos organismos decompositores aumentará, ocasionando a morte dos peixes por falta de oxigênio dissolvido na água.

 Intensiva:

Praticada em viveiros projetados para a piscicultura (tanques rede), com sistema de abastecimento e escoamento controlados, além de serem criadas espécies com valor comercial. A taxa de estocagem é programável, mas gira em torno de 10000 a 15000 Kg de peixes por hectare/ano.

Aplicam-se as técnicas de adubação da água e rações balanceadas, para promover um rápido crescimento dos peixes. Os parâmetros de qualidade da água devem ser monitorados por instrumentos próprios.

Devido a alta taxa de estocagem, torna-se necessária a renovação periódica da água, ou o uso de aeradores para elevar o nível de oxigênio dissolvido.

Tal sistema é aplicado para espécies que podem ser criadas sob monocultivo (uma só espécie), que aceitam bem o alimento artificial (ração), e que possuam tamanho de mercado abaixo de 1kg.

 

Recomendações:

 Viveiros

A construção é planejada, onde se usam máquinas para escavação do solo, sendo que o viveiro deve ter uma declividade para favorecer o total escoamento da água e facilitar a despesca. A alimentação de água deve promover a sua renovação, para suportar a quantidade de peixes e favorecer a eliminação das excreções.

 Alimentação

Como a quantidade de peixes é alta, o alimento natural deve ser complementado com as rações apropriadas, podendo-se utilizar alimentadores.

 Superintensiva:

Praticada em ambientes confinados, onde apenas uma espécie de peixe com alto valor de mercado, é criada com alta densidade de povoamento, sendo alimentados somente com rações balanceadas. Os tanques-rede são usados em lagos, reservatórios e rios pequenos, tendo um volume inferior a 5 m³.

 Tanques-rede:

Também conhecidos como gaiolas, que são viveiros revestidos de tela, com formato retangular ou circular, aberta na parte superior e flutuam na superfície, através de flutuadores ajustados. Os tanques-rede são aplicados em locais com difícil escoamento de água. Além disso, devido à alta densidade de estocagem para um espaço pequeno, a observação e a despesca dos peixes é simples, logo exige pouca mão de obra.

 


1.8 – TIPOS DE CULTIVO

 De forma complementar, pode-se ainda classificar a piscicultura quanto ao número de espécies de peixes:

 Monocultivo:

Quando apenas uma única espécie é criada. No Brasil, tal sistema é aplicado em locais, onde não há uma oferta de alevinos de diferentes espécies, uma vez que as fontes de alimentos existentes nos viveiros não são bem aproveitadas, pois não fazem parte do hábito alimentar da espécie em questão.

 Policultivo:

Quando mais de duas espécies de peixes com hábitos alimentares distintos são criadas no mesmo viveiro, onde a densidade de estocagem permite uma maior produtividade.

 


1.9 – PISCICULTURA ORGÂNICA

 A piscicultura orgânica é uma tendência que cresce cerca de 20 % ao ano em todo o mundo, inclusive no Brasil, e consiste na criação de peixes em água isenta de contaminações ou poluição, cuja alimentação é natural com organismos planctônicos, nectônicos, bentônicos, vegetais e ração orgânica. Em resumo:

 - A água deve ser isenta de agrotóxicos, de resíduos de adubação química, e outros contaminantes ou poluentes, além de ser oriunda de nascentes ou de microbacias cobertas por vegetação nativa.

 - A adubação da água, para o desenvolvimento do plâncton, deve ser feita com adubos orgânicos curtidos, tais como cama de galinhas poedeiras ou de frangos de corte, alimentados com ração isenta de antibióticos.

 - A ração orgânica deve ser isenta de agrotóxicos e antibióticos, além da integridade de todos os seus nutrientes, podendo ser os farelos de milho, trigo, soja, e outros produtos vegetais produzidos organicamente.

 - Os alevinos devem ser adquiridos de produtores que apliquem as técnicas orgânicas.

Nota: 

Como apelo à piscicultura orgânica, costuma-se citar o termo 'meia vida útil', isto é, o tempo que o homem ou o animal leva para eliminar 50 % de uma substância contaminante que tenha ingerido. Por exemplo, a meia vida útil de metais pesados, como o mercúrio, para o homem é de 73 dias, enquanto que para os peixes é de 2 anos. Logo, se o homem consumir peixes contaminados, haverá o acúmulo de metais pesados que poderão atingir níveis prejudiciais, sujeitando-o a sérios problemas de saúde ao longo do tempo.

 


 1.10 – INVESTIMENTO E PESSOAL

 Como todo negócio que envolve uma interação com o meio ambiente e seres vivos, deve-se ter em mente a questão da sustentabilidade, que tem como ideal o princípio da precaução, isto é, antes da implantação de um empreendimento, deve ser feita uma avaliação de todos os possíveis impactos que tal atividade pode gerar, para evitar danos irreversíveis à natureza. Estarão envolvidos os aspectos ambientais, econômicos, sociais, culturais, territoriais e políticos, a saber:

 Investimento:

Dependerão do sistema de piscicultura escolhido, onde cerca de 80 % dos custos envolvem os serviços de terraplanagem e escavações dos viveiros ou tanques, e cerca de 20 % com a aquisição de máquinas,  equipamentos e acessórios. Em média, pode-se considerar um investimento inicial em torno de 10 a 15 mil dólares por hectare (cerca de 10000 m ²) de projeto instalado.

 Custeio:

A aquisição de alevinos e rações representa a maior parte dos custos operacionais, além da mão de obra e outros insumos.

 Receita:

Conforme o sistema escolhido, o produto final pode ter maior ou menor custo em relação ao mercado, porém após cerca de 3 anos há o retorno do capital investido, costumando gerar uma margem de lucro bruto de 100% ou mais.

 Pessoal:

O número dependerá do sistema escolhido, mas independente disto, devem ser devidamente e periodicamente treinados e reciclados, para assegurar um bom manejo da piscicultura, podendo identificar problemas e solucioná-los em tempo, evitando prejuízos como, por exemplo, a mortandade dos peixes.

 


 

 1.11 – LOCALIZAÇÃO E INSTALAÇÕES DOS VIVEIROS OU TANQUES

 A escolha do local é muito importante para o negócio de piscicultura, pois determinará também a área que será ocupada, os custos de instalação e de manutenção, além da viabilidade técnica e financeira. Dentre os principais fatores para escolha do local, o Empreendedor deve realizar uma avaliação detalhada dos seguintes aspectos:

 - Presença de lagoa ou açude no local.

- Presença de água suficiente para abastecer os viveiros.

- Adequação do terreno para a retenção de água.

- Presença de locais adequados para a construção de viveiros.

- Presença de fornecedores de alevinos e outros insumos básicos nas proximidades.

- Presença de mercado consumidor para a sua produção.

 Pela natureza do negócio, é essencial também a observação rigorosa das normas básicas de higiene e sanitárias para a sua implantação, localizando o empreendimento longe de fontes poluentes, como mananciais sujeitos a despejos de indústrias químicas e afins.

Recomenda-se que seja consultado um centro tecnológico de piscicultura na região, para uma orientação mais detalhada sobre a localização, bem como as informações técnicas para a construção dos viveiros e tanques, tais como o tipo de solo, a quantidade e a qualidade da água, as condições climáticas e as características da vegetação (áreas de preservação), além de fatores ligados a logística do empreendimento, como a facilidade de acesso e proximidade dos grandes centros.

Por outro lado, devido a regulamentação do uso das águas públicas pelo governo, a piscicultura através dos tanques redes instalados em barragens, represas, etc, vem se tornando uma atividade bastante atrativa em termos econômicos.

Em resumo, as condições abaixo devem ser consideradas, quanto à localização e instalações dos viveiros ou tanques:

 Solo:

O mais indicado para a construção de viveiros ou tanques, é o argilo-arenoso ou sílico-argiloso com 40 % de argila no mínimo, pois não se encharca tanto como o argiloso e não é tão permeável quanto o arenoso. Além disso, deve ter uma boa estrutura, de forma que favoreça a escavação e permita compactar as paredes e o fundo, para evitar a infiltração excessiva de água.

 Água:

Deve ser de boa qualidade e livre de agrotóxicos, com uma vazão ideal de 60 lts/min para cada 1000 m², que é suficiente para o enchimento, renovação e compensações das perdas por evaporação e infiltrações. O sistema de abastecimento deve ser individual, evitando-se a transferência de água de um viveiro para outro.

Um outro exemplo, para um viveiro ou tanque de 1 hectare e profundidade de 1,5 m, são necessários 15000 m³ de  água, que deverá encher em 72 h.

 Terreno:

Antes de iniciar a construção dos viveiros ou tanques, deve ser feita uma total limpeza da área útil, através da retirada total de galhos, raízes e outros restos de vegetação.

 Viveiros:

Tratam-se de reservatórios de água escavados em terreno natural, dotados de sistemas de abastecimento e de drenagem. Estruturalmente, podem ser divididos em viveiros de barragem, viveiros de derivação e tanques.

 Viveiros de barragem:

São construídos a partir de um dique ou barragem, capaz de interceptar um curso de água. Em geral são utilizados pequenos vales para sua alocação. Entre as vantagens deste tipo de viveiro está o baixo custo de sua construção. Apresentam, porém, uma série de aspectos negativos.

O primeiro deles é o fato de não se ter um controle efetivo da quantidade de água, com o constante perigo de rompimento da barragem, em função das contribuições recebidas por fortes chuvas. Estas instalações apresentam ainda dificuldade no manejo, especialmente no que se refere a adubação, alimentação artificial e despesca.

 Viveiros de derivação:

Geralmente são construídos em terrenos que apresentam grande declividade ao longo do curso d'água, em pontos onde é fraco o declive transversal do terreno. Tanto o abastecimento quanto a drenagem deste tipo de instalação são feitos por meio de canais. As principais vantagens deste tipo de viveiro são a facilidade de manejo e o controle da entrada e saída do fluxo de água.

 Tanques:

São reservatórios de água construídos a base de alvenaria, concreto, pedra ou tijolo, sendo recomendados para terrenos arenosos e com grande infiltração, mas o seu custo de produção é alto e se contrapõe a baixa produtividade de peixes. Além disso, por serem revestidos, não desenvolvem os microorganismos necessários à alimentação natural dos peixes, sendo necessário o uso de rações.

Nos locais com variações de temperatura, recomenda-se que a profundidade seja aumentada em 0,50 m, pois as oscilações não são sentidas no fundo (geralmente 1,70 m), onde a maior parte dos peixes se refugia.

O tamanho do tanque varia conforme a quantidade de peixes desejada, mas não se recomenda dimensão muito pequena, devido aos problemas de oxigenação, assim como, as dimensões muito grandes dificultam o manejo.

O formato retangular é o mais indicado, com paredes inclinadas em 45 º e com 2 m de profundidade, sendo que o nível de água varie entre 1,20 a 1,50 m. Para a piscicultura doméstica, os tanques têm uma área de 100 a 500 m², já para negócios maiores, a área é de 1000 a 5000 m².

O fundo do tanque deve ser plano e limpo, com uma declividade de 0,5 a 1,5 % em direção ao ponto de escoamento, localizado sempre do lado oposto da entrada de água. Os sistemas mais comuns de escoamento são os cotovelos de PVC (viveiros de pequena e média dimensões) e tipo monge (viveiros grandes).

 


 1.12 – MERCADO                                                                   

 O Brasil é um dos países com maior potencial mundial para o desenvolvimento da piscicultura, pois tem a maior disponibilidade hídrica cobrindo grandes porções do território, o que faz com que muitos Empreendedores visualizem um país repleto de viveiros e de tanques lucrativos, fornecendo peixes para o mercado sob custos competitivos, com possibilidades inclusive de exportação.

Entretanto, apesar dos recursos naturais existentes, mais de 50 % do pescado consumido no país é importado, principalmente da América Latina. Por outro lado, quase toda a produção nacional é oriunda do extrativismo, ou seja, a pesca. Logo, a principal consequência observada é o custo relativamente elevado, se comparado as carnes mais consumidas, como a bovina e a suína, desfavorecendo uma parte da população.

Devido à alta demanda mundial e mesmo representando cerca de 7,5 % dos alimentos consumidos, cerca de 60 % dos estoques de pescados são considerados superexplorados. Assim, se não houver investimentos cada vez maiores no setor da piscicultura como um todo, os estoques naturais poderão ficar escassos e os custos cada vez maiores.

Estima-se que no Brasil, sejam criados anualmente cerca de 200 milhões de alevinos para uma produção de peixes adultos na faixa de 60 mil toneladas ao ano, onde cerca de 30 % dos alevinos comercializados serão abatidos com peso médio de 1 Kg.

Felizmente, a piscicultura tem garantido ao país de maneira crescente, uma maior presença do peixe para o mercado consumidor, através da criação de peixes de água doce, incentivando as diversas Entidades, Organizações, Empresas e Comunidades para desenvolver, produzir, aplicar e aperfeiçoar os diversos recursos humanos e tecnológicos existentes.

Convém salientar que o Empreendedor pode eventualmente ter dificuldades para a comercialização dos seus peixes, devido à concorrência de outros Empreendedores e os seus produtos, além dos custos e oscilações do mercado.

O mercado interno para os peixes é bastante diferenciado, principalmente em relação às preferências dos consumidores. Por exemplo, nas regiões centrais do Brasil, a procura por peixes de água doce é um

diferencial competitivo comparado às espécies de água salgada (provenientes da pesca extrativa), devido ao custos de transporte e armazenagem.

Por outro lado, os peixes podem ser comercializados vivos para os pesquepague para fins de lazer, ou abatidos “in natura” para suprir os entrepostos comerciais, as feiras livres, etc, ou beneficiados industrialmente para atender os supermercados e outros estabelecimentos do gênero, para depois serem consumidos em bares, lanchonetes, restaurantes, etc.

Atualmente, os peixes abatidos (pescado) são utilizados como matéria prima para a produção de diversos produtos alimentícios, através do seu beneficiamento e processamento em escala industrial, com destaque para:

 - Peixe inteiro eviscerado;

- Peixe em posta;

- Peixe salgado;

- Peixe defumado;

- Filé de peixe;

- Almôndegas, Costelinhas, Hambúrguer;

- Patê congelado defumado ou não;

- Caldo de peixe;

- Farinha de peixe;

- etc.

 Nota: 

As peles (couro) são aproveitadas através do curtimento e posterior aplicação em artigos diversos, além da glândula hipófise para ser devidamente processada, servindo para a reprodução controlada das respectivas espécies de peixes.

 


  2 – PROCESSO PRODUTIVO

 2.1 – MATÉRIA-PRIMA

Para o empreendimento da piscicultura de peixes juvenis e adultos, podem ser considerados como matéria-prima, os próprios alevinos e as rações.


  2.1.1 – ALEVINOS

 Os alevinos devem ter boa procedência, tanto comercial como genética, e serem saudáveis. A recepção não deve ser feita em dias muito quentes, além disso, devem ter cerca de 5 a 6 cm de comprimento com uma taxa de estocagem de 50 g/lt, e devem estar acondicionados em sacos plásticos resistentes de 90 x 40 cm, contendo aproximadamente 5 lts de água para 15 lts de oxigênio.

Antes de soltar os alevinos no viveiro ou tanque, deve haver a equalização entre as temperaturas das águas locais e dos sacos plásticos, através da cuidadosa colocação destes na água durante cerca de 15 min, seguida da abertura dos mesmos.

 https://www.abimaq.org.br/solucoes_tecnicas_imagens/criacao_de_peixe/alevin.jpg

 Nota:

Os alevinos devem ser tratados em viveiros ou tanques próprios, sem a presença de peixes juvenis ou adultos, pois existe uma tendência de canibalismo dentro da maioria das espécies de peixes.

 Para assegurar um bom crescimento dos alevinos, deve seguir os passos abaixo:

Controle de predadores:

Deve-se controlar a entrada de água no viveiro ou tanque, através de telas ou filtros de areia e britas, além do esvaziamento periódico para aplicação de cal e outros tratamentos químicos.

 Monitoração de parâmetros: 

É necessário que seja realizado diariamente, devendo ser medidos os índices de oxigênio dissolvido, a temperatura e os sólidos em suspensão, além do consumo de ração, taxas de adubagem e conversão alimentar através de amostragem da biometria dos peixes.

Pré engorda:

Utilizam-se viveiros ou tanques de 200 a 1000 m², que devem ser abastecidos com água somente alguns dias antes da soltura dos alevinos, para uma densidade menor do que 12 alevinos/m². O período de pré-engorda tem uma duração média de 60 a 90 dias, quando os peixes atingirão cerca de 50 a 70 g de peso.

Engorda:

Compreende as demais fases normais do crescimento dos peixes até atingirem o tamanho e peso ideais, conforme a espécie criada, juntamente com a interação com o meio aquático em questão, além das intervenções do Piscicultor em si.

 


 2.1.2 – RAÇÕES

 A qualidade das rações vem melhorando constantemente, mas o problema nutricional comum no passado ainda é frequente em diversos empreendimentos. Com a recente expansão da piscicultura no Brasil, através do uso dos tanques-rede, houve um aumento da incidência de desequilíbrios nutricionais, devido ao incorreto balanceamento das substâncias presentes nas rações.

O sistema intensivo demanda o uso de rações nutricionalmente completas, mas a maioria dos produtos disponíveis são adequadas somente para algumas espécies de peixes criados em viveiros ou tanques de terra, com disponibilidade de alimento natural e biomassa em cerca de 6000 Kg/hectare.

Logo, recomenda-se uma consultoria especializada para a correta escolha das rações, além das dicas mostradas abaixo:

 Compra:

programar a compra através de fornecedores confiáveis, de forma que o armazenamento não seja maior do que 60 dias, respeitando o prazo de validade também.

 Armazenamento:

as embalagens devem estar em locais arejados e secos, longe da parede e dispostas sobre um estrado, além da devida proteção contra insetos e ratos. Durante o empilhamento, evitar o atrito excessivo que ocasiona a formação de pó de ração, que não é consumida pelos peixes, gerando desperdício e sujeira.

 Qualidade:

No momento da abertura das embalagens deve-se checar se a ração  está com aspecto ou cheiro desagradável e se for afirmativo, deverão ser descartadas para não prejudicar a saúde dos peixes.

 Em resumo, recomenda-se conhecer as características de cada matéria prima, assim como, onde encontrar os respectivos fornecedores, qual o volume disponível ao longo do ano e a sua viabilidade econômica. A partir da obtenção destas informações, pode-se contratar uma empresa para projetar todo o empreendimento, de acordo com as necessidades e desejos do Piscicultor.

 


 2.2 – MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

  A seguir, são listadas as máquinas, equipamentos e acessórios aplicados para a piscicultura, cujas aplicações dependerão do tipo e porte de negócio escolhidos pelo Empreendedor:

 - Aquecedores de água;

- Aeradores (viveiros e tanques);

- Alimentadores;

- Baldes plásticos;

- Barcos ou botes;

- Caixas para transporte (peixes vivos);

- Difusores de ar;

- Compressores de ar;

- Embaladoras para peixes vivos (sacos plásticos aerados);

- Filtros (membrana e químicos);

- Instrumentos e kits de medição da qualidade da água;

- Ozonizadores;

- Redes (Tarrafas);

- Termômetros para piscicultura;

- Viveiros (tanques).

 Nota:

As máquinas e equipamentos relacionados acima podem contemplar similares para uma mesma fase do processo produtivo, cabendo ao Empreendedor a escolha entre os mesmos, conforme o porte do negócio.

 


 2.3 – EQUIPAMENTOS AUXILIARES

 Para complementação do empreendimento segue uma lista com equipamentos auxiliares:

 - Balcão de atendimento (se necessário);

- Equipamentos de comunicação e de informática;

- Infraestrutura geral (escritórios, armazéns, etc);

- Móveis e utensílios para os escritórios;

- Veículo(s) apropriados para visita a fornecedores, clientes, etc.


 2.4 – EPIs (EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL)

 Devido ao manejo dos peixes e a manipulação de rações, além da utilização de diversas máquinas e equipamentos, recomenda-se a utilização dos respectivos EPI’s para a preservação da integridade física e saúde dos funcionários envolvidos no processo, além de evitar eventuais contaminações.

 - Avental plástico;

- Botas de borracha;

- Chapéu e similares;

- Luvas de látex;

- Óculos de segurança.

 

Nota: Para cada fase da piscicultura, é necessário um determinado conjunto de EPIs !

 


 2.5 – PROCESSO DE CRIAÇÃO

  O processo de criação de peixes utiliza um termo muito comum, ou seja, o manejo que envolve todo o conjunto de técnicas aplicadas, sendo que um correto e adequado manejo trará maior qualidade e rentabilidade ao empreendimento.

Nos tópicos anteriores, já foram mostradas as suas técnicas iniciais, ou seja, a instalação dos viveiros ou tanques, e os procedimentos com os alevinos, além do diagnóstico e tratamento de algumas doenças.

Nos tópicos abaixo, serão mostradas as demais técnicas que são a calagem e as adubações orgânicas das águas dos viveiros ou tanques, seguidas do uso dos tanques redes, a alimentação (arraçoamento), despesca e transporte dos peixes.

 


 2.5.1 – FASES DA CRIAÇÃO

 A seguir, são descritas de forma básica, as diversas fases de criação dos peixes, ou simplesmente, manejo:

 Calagem:

Consiste na aplicação de cal virgem ou hidratada, de forma homogênea, no fundo limpo e seco do viveiro ou tanque para diversos fins.

 - Correção do pH do solo ou da água.

- Correção da turbidez causada pela mineralização da matéria orgânica.

- Melhoria da produção de plâncton (pH alcalino).

- Eliminação dos ovos e larvas de parasitas e afins.

- Eliminação das plantas aquáticas daninhas.

- Melhoria da vida dos peixes em geral.

 Adubação orgânica:

Consiste na incrementação da produção de alimento natural nos viveiros e tanques, através da aplicação periódica de esterco animal curtido e tratado (bovino, caprino, equino, suíno e cama de frangos), devido à grande disponibilidade e baixo custo. As quantidades dependerão das espécies e dos tamanhos dos peixes, mas geralmente usa-se como referência.

 - Esterco bovino, caprino e equino = cerca de 1000 Kg por hectare/semana.

- Esterco de frango e suíno = 600 a 800 Kg por hectare/semana.

 Nota:

Vale lembrar que os dados acima, são para criações de peixes onde existe apenas a alimentação natural.

 Tanques-rede:

Também chamados de gaiolas, que favorecem uma alta densidade de estocagem e também uma alta produtividade. Geralmente são estruturas retangulares que flutuam sobre a água e confinam os peixes em seu interior, através de redes de arame galvanizados revestidos de PVC, ou de nylon, etc, sendo que os flutuadores podem ser bombonas, canos de PVC, galões, isopor, etc. O formato retangular permite uma melhor passagem e renovação da água dentro das gaiolas, removendo naturalmente as excreções produzidas pelos peixes.

Além disso, os tanques rede devem ser cobertos para prevenir a ação de predadores, e também oferecer um  sombreamento que impede a incidência de raios UV.

Para facilitar o manejo, recomenda-se um volume de cerca de 10 m³, e uma profundidade de cerca de 3 m, para uma produtividade média de 300 Kg/m³/ano, principalmente na criação de pacus, pintados e tilápias.
Alguns Piscicultores utilizam os cascudos e curimbatás dentro das gaiolas, para realizarem a limpeza das redes, onde fixam-se as algas que dificultam a renovação da água.

 https://www.abimaq.org.br/solucoes_tecnicas_imagens/criacao_de_peixe/tanred_1.jpg

 https://www.abimaq.org.br/solucoes_tecnicas_imagens/criacao_de_peixe/tanred_2.jpg

 https://www.abimaq.org.br/solucoes_tecnicas_imagens/criacao_de_peixe/tanred_3.jpg

 Quanto à taxa de estocagem nos tanques rede, pode-se aplicar as seguintes referências baseadas nos tipos de piscicultura existentes:

 Extensivo:

1 peixe para cada 10 m².

Semi-intensivo:

5 peixes para cada 10 m².

Intensivo

1 a 3 peixes por m².

 Nota: 

Quando os tanques rede são usados para os machos de tilápia, geralmente são estocados de 50 a 100 alevinos/m³ num volume maior que 5 m³, para uma produtividade de cerca de 50 a 150 Kg/m³.

 Alimentação (Arraçoamento):

Como todo ser vivo, os peixes necessitam de uma alimentação adequada para que possam crescer e sobreviver, variando ligeiramente conforme as espécies criadas. Logo, devem conter todos os nutrientes (hidratos, proteínas, sais minerais, vitaminas, etc). Existem basicamente dois tipos de alimentos:

 Naturais: 

São aqueles originados, produzidos e consumidos no próprio local onde são criados (tanques, viveiros, etc), tais como fitoplâncton (algas), zooplâncton (microorganismos animais), matéria orgânica morta, etc.

Artificiais: 

São as rações industrializadas balanceadas que podem ser extrusadas, peletizadas ou atomizadas (pó), além de todos os subprodutos agropecuários locais apropriados para os peixes, tais como farelos, frutas, grãos, legumes, raízes e verduras.

 Assim, os peixes crescem mais rápido quando há disponibilidade de alimentos, sendo que o seu crescimento pode estagnar se houver escassez dos mesmos, sejam eles naturais ou artificiais, conforme ilustrado abaixo:

 Alimentação suficiente:

 https://www.abimaq.org.br/solucoes_tecnicas_imagens/criacao_de_peixe/aliboa.jpg

 Alimentação insuficiente:

 https://www.abimaq.org.br/solucoes_tecnicas_imagens/criacao_de_peixe/alirui.jpg

 


 

 O alimento artificial (ração) deve ser oferecido 2 vezes ao dia durante 5 dias da semana, numa quantidade de 3 a  5 % da biomassa, de preferência no mesmo local e no mesmo horário (pela manhã e final da tarde).

Deve-se observar a relação entre a quantidade ofertada e a quantidade consumida, para evitar que o excesso de ração cause problemas indesejáveis no viveiro ou tanque.

A forma de preparo, assim como a forma de distribuição também é importante, pois para os alevinos, a ração em forma de farinha deve ser distribuída ao longo das margens dos viveiros. Já para os peixes com 10 a 50 g, as frutas, grãos, raízes, sementes e verduras devem ser oferecidas em pequenos pedaços, de modo que os peixes possam comê-los sem dificuldade.

Por outro lado, a alimentação dos peixes deve ser controlada, sendo fornecida de acordo com a espécie criada, o seu estágio de desenvolvimento, a sua conversão alimentar em relação à biomassa e a capacidade de ingestão diária, evitando-se o desperdício de ração ou mesmo subalimentação.

As rações podem ser fornecidas através de cochos submersos, por meio da biomassa estocada ou alimentadores automáticos:

 Cochos submersos:

São dispositivos que permitem a dosagem exata conforme o consumo, mas promovem a diluição dos nutrientes pela água.

 Biomassa estocada:

Consiste no lançamento da ração na água, cuja quantidade é ajustada periodicamente, de acordo com a variação de peso dos peixes, através do cálculo da biomassa.

 Alimentadores automáticos:

São equipamentos instalados fora dos viveiros ou tanques, podendo ser regulados por um temporizador, ou mesmo acionados pelos próprios peixes, conforme a sua fome. As taxas e a freqüência de alimentação dependem das espécies, da temperatura da água e da quantidade de oxigênio dissolvido.

 https://www.abimaq.org.br/solucoes_tecnicas_imagens/criacao_de_peixe/alimen_1.jpg

 https://www.abimaq.org.br/solucoes_tecnicas_imagens/criacao_de_peixe/alimen_2.jpg

 Despesca:

É a retirada ou coleta dos peixes dos viveiros ou tanques, quando atingirem o tamanho e o peso de mercado, variando conforme a espécie criada. A despesca pode ser parcial, através do uso de redes com malhas de 25 a 40 mm entre os nós, baldes plásticos de 60 lts, caixas de isopor, sacos plásticos e tarrafas, ou total, quando o viveiro ou tanque é esvaziado quase completamente. Nesse caso, a drenagem deve ser feita lentamente, de modo a provocar o refúgio dos peixes na parte mais profunda.

 https://www.abimaq.org.br/solucoes_tecnicas_imagens/criacao_de_peixe/despes.jpg

 Recomenda-se também, que a água esteja devidamente oxigenada e a temperatura do ar e da água esteja entre 20 e 25 ºC, além do dia estar preferencialmente nublado. Se o dia estiver ensolarado, realizar a despesca entre 7 e 10 hs da manhã. Por outro lado, os peixes devem ficar o menor tempo possível fora da água, então convém planejar a despesca para dispor o pessoal e os dispositivos, de forma que não se perca tempo entre a captura e a colocação dos peixes nos recipientes.

 Nota:

Os viveiros ou tanques devem ser esvaziados anualmente para a manutenção e limpeza.

 Transporte de peixes:

Os peixes não devem receber alimentação durante o tempo que antecede o transporte, pois com a despesca surge o estresse, fazendo com que haja defecação abundante, que por sua vez, polui a água do transporte.

Como a densidade é grande nos tanques de transporte, a água envenenada por tais excreções pode causar a mortandade durante a viagem ou mesmo no momento da soltura nos respectivos destinos. Se for um pesque-pague, por exemplo, a imagem dos peixes mortos seria péssima para o negócio.

Após o carregamento, o caminhão preferencialmente deverá viajar à noite, sem paradas, pois se as mesmas ocorrerem, a alta densidade juntamente com o estresse dos peixes, ocasionará o canibalismo parcial, onde haverá a perda de parte das nadadeiras e mordidas por todo o corpo, além da perda de muco por atrito, propiciando uma série de problemas à saúde dos mesmos.

 Recomenda-se a contratação de empresas especializadas no transporte seguro e correto dos peixes, para preservar a sua qualidade e sobrevivência até os seus destinos.

 https://www.abimaq.org.br/solucoes_tecnicas_imagens/criacao_de_peixe/transp_1.jpg

 https://www.abimaq.org.br/solucoes_tecnicas_imagens/criacao_de_peixe/transp_2.jpg

 


 

2.6 – QUALIDADE NA PISCICULTURA

 Seguem abaixo diversos assuntos relacionados com a piscicultura, quanto à qualidade em geral.

 


 2.6.1 – CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E QUÍMICAS DA ÁGUA

 As características físicas e químicas da água são fundamentais para os peixes e demais organismos que nela vivem, pois determinam as condições ambientais que favorecem o crescimento e a sobrevivência dos mesmos.

O ideal é que não ocorram mudanças bruscas em tais características, devendo ocorrer lentamente para que os seres presentes possam se adaptar, de forma que não sofram as consequências que geralmente são muito prejudiciais.

Por isso, deve-se monitorar e controlar diariamente, as condições de vida nos viveiros ou tanques para detectar possíveis alterações e corrigi-las em tempo, para os padrões desejados. Para isso, são utilizados diversos kits de análise de água e instrumentos de medição específicos, desde que sejam de boa qualidade e procedência, além de serem de fácil operação e tenham custos não muito elevados.

A observação do comportamento dos peixes também é fundamental para se detectar alguma anormalidade no sistema, mas para isso é necessária muita atenção e experiência com piscicultura. 
Em resumo, as características físicas e químicas da água que devem ser monitoradas são a alcalinidade, a amônia e amônio, a espuma, o gás carbônico, o nitrato e nitrito, o oxigênio dissolvido, o potencial de hidrogenação, os sais dissolvidos, a temperatura e a turbidez; que estão descritas de forma sucinta, logo abaixo:

 Alcalinidade:

Corresponde à quantidade de carbonato de cálcio (CaCO3) na água. As “águas duras” têm mais de 40 mg/lt, e as “águas macias” têm índices menores. Deve-se precaver contra as águas com menos de 20 mg/L que terão baixa produtividade, além de não responderem à adubação.

Recomenda-se a medição diária dos níveis de CaCO3 com kits diversos, de forma que os índices fiquem entre 70 e 120 mg/lt.

Para cada grama de amônia presente na água, são necessárias 7 g de CaCO3 para a sua neutralização, pois a presença do mesmo promove um efeito tampão, evitando também as alterações de pH.

 Amônia (NH3) e Amônio (NH4):

É gerada através do metabolismo dos peixes e pela degradação de alimentos não consumidos, onde o primeiro é altamente tóxico, ocorrendo na água com pH acima de 8,0. A leitura feita pelo respectivo kit determina a concentração das duas formas, o que explica a presença de peixes saudáveis em águas com mais de 20 mg/L de NH3 sob pH ácido. Se o pH for neutro, a concentração de NH3 é baixa. Mas, se a concentração de NH3 ficar em torno de 6 mg/lt, sob baixos níveis de oxigênio dissolvido (OD), os peixes podem apresentar alguns problemas. Portanto, a concentração ideal de amônia é de 1,5 a 2 mg/lt.

 Espuma:

É formada pela proteína dissolvida na água, pois ela aumenta a película de tensão superficial da água, impedindo a passagem do ar gerado pela aeração para a atmosfera. No caso da sua ocorrência, pode-se removê-la com aspiradores específicos para pó e líquido, ou mesmo bacias para a retirada da água superficial. Por outro lado, o óleo das rações pode quebrar a película de tensão superficial da água, permitindo a saída do ar, desfazendo a espuma.

 Gás Carbônico (CO2):

Também chamado de dióxido de carbono, é produzido pela respiração e decomposição da matéria orgânica no sistema aquático, onde as concentrações acima de 2 mg/L acidificam a água (transformando-se em ácido carbônico). O carbonato de cálcio pode evitar a mudança de pH formando uma solução tampão.

Para testar o efeito do CO2 no viveiro ou tanque, basta coletar uma amostra de água e medir o seu pH, em seguida, agitar o frasco vigorosamente. Se a cor mudar para alcalino, a concentração de CO2 é alta e o O2 é baixo, ao passo que, se a cor mudar para ácido, a concentração de CO2 é baixa e o O2 é alto. Podem-se usar medidores específicos para gás carbônico. Por outro lado, tal gás poderá ser eliminado pela aeração da água e em alguns casos, absorvido pelas algas.

 Nitrato e Nitrito:

Podem ser estressantes para os peixes numa concentração de 0,1 mg/lt. Se estiver em 0,5 mg/lt, o sangue pode ficar com uma cor “chocolate”, conhecida como doença do sangue marrom que mata o peixe por asfixia. Logo, para reduzir a intoxicação por nitrito, pode-se adicionar cloreto no viveiro ou tanque, numa proporção de 6 partes para 1 parte de nitrito, assim o peixe absorverá o cloreto no lugar do nitrito. Além disso, como medida preventiva, pode-se manter cerca de 100 até 150 mg/lt de cloreto em solução na água do viveiro. Por outro lado, o cloreto reduz o estresse e também as infecções por fungos, além de reduzir a energia gasta para o transporte de substâncias através das membranas celulares. Os índices de nitrato e de nitrito podem ser medidos com kits diversos.

 

Oxigênio dissolvido (OD):

O oxigênio da água é proveniente da atmosfera e dos vegetais que geram o oxigênio através da fotossíntese, o qual é consumido pelos peixes e demais organismos, além dos processos naturais de decomposição da matéria orgânica.

Este se encontra na água na forma de solução, e sua concentração depende da temperatura (quanto menor, maior a concentração de oxigênio) e da demanda química (substância químicas que absorvem o oxigênio) ou biológica (oxigênio consumido pela respiração dos seres aquáticos).

Na água, o oxigênio dissolvido (OD) varia entre 0 a 13 mg/lt. Assim, dependendo da espécie, o excesso de OD pode provocar a morte dos peixes por embolia, enquanto que a escassez de OD pode matar por asfixia. Logo, a concentração ideal de OD deve ser mantida em torno de 5 mg/lt, suficiente para as atividades dos peixes e dos demais organismos

Recomenda-se que as medições sejam feitas, cerca de 30 a 45 min, após cada vez que os peixes são alimentados, através de medidores de OD, pois os índices podem variar bastante.

Por exemplo, um baixo índice de OD pode ser observado pela presença de muitos peixes na superfície, sendo que a alimentação deve ser suspensa, para propiciar a renovação da água que pode ser auxiliada por aeradores.

 Potencial de Hidrogenação (pH): 

É a concentração de íons de hidrogênio (H) na água, determinando se a mesma será ácida ou básica, cujos valores variam entre 0 e 14, onde 7 é neutro, e para os valores abaixo de 7 é ácido e para os valores acima de 7 é alcalino (básico); podendo ser medida com kits diversos.

Para a piscicultura, o pH deverá ser mantido entre 7 e 7,5, pois em águas muito ácidas, os peixes apresentam um excesso na produção de muco, enquanto que, em águas alcalinas tal muco é ausente.

Os fatores como adubação, calagem, fotossíntese, respiração, poluição, etc, são fatores capazes de alterar o pH da água.

 Sais Dissolvidos:

Existem muitas substâncias dissolvidas na água, enquanto que algumas são essenciais para a sobrevivência dos organismos presentes, como o fósforo e o nitrogênio, outras são tóxicas, como a amônia que pode causar mortandade em certos índices.

 Temperatura:

Corresponde às variações da intensidade de calor ou frio, através do grau de agitação das moléculas presentes, podendo ser medida através do termômetro. A temperatura serve como referência para o cálculo de algumas variáveis, tais como pressão atmosférica, umidade relativa do ar, etc, além de interferir no cálculo da alcalinidade, do OD, do pH, da toxicidade de substâncias, etc.

Num sistema aquático, exerce uma profunda influência, seja na alimentação, respiração, crescimento e reprodução dos peixes. Assim, se a temperatura aumenta, os peixes crescerão mais rápido, ao passo que, se a temperatura diminui, o crescimento é mais lento.

Isso acontece, pois os peixes são seres pecilotérmicos, isto é, a sua temperatura varia junto com a temperatura ambiente. Logo, existe uma vantagem em regiões tropicais para a piscicultura, pois os peixes comem praticamente durante todo o ano. Por outro lado, deve-se evitar os choques térmicos (variações bruscas) para que os peixes não contraiam doenças ou mesmo morram.

Resumindo, recomenda-se que as espécies criadas façam parte do ambiente em questão, ou estejam devidamente adaptadas.

Sabe-se também que a elevação de 5 °C na temperatura da água, pode alterar em 50 % os efeitos tóxicos de algumas substâncias e reduzir o tempo de sobrevivência dos peixes, explicando o fato da relativa mortandade em regiões,  onde o clima têm variações muito grandes, ou mesmo quando a qualidade da água não seja satisfatória.

Exemplificando, certas espécies, como as tilápias morrem sob temperaturas entre 10 a 11 ºC, sendo que a 16 ºC param de se alimentar, ficando mais sujeitas às doenças, e em torno de 20 ºC a sua reprodução cessa.

Por outro lado, as altas temperaturas em torno de 36 a 40 ºC induzem às doenças e mortandades. Logo, a faixa ideal para a criação é de 29 a 31 ºC. Já o bagre americano tolera variações graduais entre 0 a 55 ºC, mas ficam inativos sob temperaturas abaixo de 10 ºC, e desovam entre 20 a 23 ºC, e crescem mais a 30 ºC.

 Turbidez:

É o efeito causado pela redução da passagem da luz natural, através de uma coluna de água e pode ser medida pelo turbidímetro. Assim, percebe-se que as águas naturais nem sempre são cristalinas e puras, pois apresentam uma série de materiais dissolvidos e em suspensão, tais como partículas de argila, detritos orgânicos e os próprios micro-organismos presentes, que por sua vez, limitam a passagem da luz natural, impedindo a sua atuação em camadas mais profundas.

 Nota:

Atentar para o fato que existe uma inter-relação entre os parâmetros ou características físico-químicas da água, logo é necessária uma análise do conjunto (por exemplo: a amônia pode ser letal com pH 8,0 e não ser letal com pH de 7,2) para se determinar a normalidade do sistema aquático, tanto para os peixes como para os microorganismos e outros seres presentes.

 2.6.2 – RECOMENDAÇÕES COMPLEMENTARES

 Além da monitoração das características físico-químicas da água, o Empreendedor deve atentar também para as informações abaixo, para realizar uma piscicultura com qualidade:

 Quantificação dos peixes:

Para se evitar problemas na comercialização dos peixes, em relação à quantidade presente em um viveiro ou tanque, no momento anterior à despesca e posterior transporte, pode-se estimar tal número pela quantidade de ração consumida. Assim, pesa-se a ração em pequenas porções antes de ser lançada na água, depois quando começar a sobrar, calcula-se a biomassa em valores de cerca de 4 %. Então, com o consumo levantado de 4 Kg, estima-se aproximadamente 100 Kg de peixes. Logo, se o Empreendedor realizar tais avaliações periodicamente, ele sempre terá os valores aproximados da quantidade de peixes existentes.

 Qualidade da água x Alimentação:

Todas as correções dos parâmetros de qualidade da água e fornecimento de rações deverão ser feitas gradualmente, exceto os níveis de oxigênio dissolvido (OD). Assim, caso os peixes não apresentem um comportamento normal sob certas condições da água, deve-se ter um reservatório de água limpa para a troca da água do viveiro ou tanque em questão. Contudo, a água do reservatório necessita estar com a mesma temperatura da água do tanque e o pH não pode ter variação maior que 0,5.

 Manejo de peixes no inverno:

Deve-se ter alguns cuidados para evitar o surgimento de doenças e a ocorrência de mortandade:

 - Não se deve adubar a água.

- Como o índice de OD é mais alto em baixas temperaturas, o fluxo de água pode ser diminuído e a altura da coluna de água pode ser elevada para 2 m ou mais.

- Monitorar o pH de forma que esteja em 7,5, acrescentando calcário para correções.

- A ração extrusada flutuante deve ser substituída pela ração peletizada que vai para o fundo, evitando que os peixes subam à superfície.

- A quantidade de ração deve ser diminuída para apenas 1 % da biomassa.

- A densidade de estocagem deve ficar entre 500 e 800 g/m² de superfície líquida.

- Não comprar, não vender e não transportar peixes, exceto algumas espécies que apreciam o frio, como as carpas que suportam temperaturas de 0 a  40 ºC.

 “Gosto de barro”:

Quando os peixes são destinados para a alimentação, as vezes, pode surgir um problema conhecido como 'gosto de barro' que, eventualmente pode comprometer o fornecedor quanto à qualidade do seu produto. Isto pode ocorrer, por exemplo, com as carpas, curimbatás, tilápias, trutas, etc.

Tal problema é causado por um óleo chamado de geosmina, que é produzido por algumas algas azuis e verdes (Euglena sp, Mycrocistis aeruginosa, Peridinium sp, Rhizosolenia sp, Scenedesmus sp, etc), quando decompostas por alguns tipos de bactérias (Actinomycetalis).

Para solucionar esse problema, podem ser aplicadas as seguintes técnicas:                   

 - Depuração do peixe em água corrente antes do consumo. 

- Controle da ocorrência das algas produtoras de geosmina. 
- Processamento industrial do pescado.

 Mortandade:

Recomenda-se a anotação diária de todas as ocorrências e, caso ocorra uma considerável mortandade dos peixes, procurar identificar as causas. Logo, recomenda-se que o Empreendedor tenha uma lista de Especialistas e outros Empreendedores para buscar apoio ou mesmo para compartilhar os seus dados de produção.

 


 3 – FABRICANTES E FORNECEDORES DE MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E ACESSÓRIOS

 Segue uma lista de alguns Fabricantes e Fornecedores, contendo informações para contato e as eventuais fases de produção aplicáveis:

 https://www.abimaq.org.br/solucoes_tecnicas_imagens/criacao_de_peixe/cripei_maqeqptoaces.xls

  


 4 – FORNECEDORES DE MATÉRIA-PRIMA E PRODUTOS SEMIACABADOS

 Segue uma lista de alguns Fornecedores de matéria prima, contendo informações para contato e os seus respectivos produtos:

 https://www.abimaq.org.br/solucoes_tecnicas_imagens/criacao_de_peixe/cripei_matpri.xls

 


 5 – RECOMENDAÇÕES

 5.1 – REGISTROS E OUTROS SERVIÇOS

 Para fins legais de operação e manutenção da fábrica, perante os órgãos e entidades competentes, será necessário todo um trâmite administrativo, jurídico, contábil e fiscal. Isto poderá ser realizado pelos respectivos departamentos internos, ou mesmo por uma empresa de consultoria especializada, que prestará os seguintes serviços:

 - Atos constitutivos;

- Auxílio jurídico;

- Contabilidade;

- Controle fiscal;

- Registro na Junta Comercial;

- Registro na Secretaria da Receita Federal;

- Registro na Secretaria de Estado da Fazenda;

- Registro na Prefeitura do Município (Alvará de funcionamento);

- Registro no INSS;

- Registro no Sindicato Patronal;

- Cadastro na Caixa Econômica Federal (Conectividade Social);

 


 5.2 – CONSULTORIAS – GESTÃO DE EMPRESAS

 Para auxiliar o futuro Empreendedor segue abaixo, uma relação de algumas Empresas que prestam serviços diversos de consultoria:

 https://www.abimaq.org.br/solucoes_tecnicas_imagens/criacao_de_peixe/cons_gesneg.xls

 


 5.3 – REGULAMENTAÇÃO TÉCNICA

 5.3.1 – LEIS E PORTARIAS APLICÁVEIS

 Graças à expansão e ao crescimento do negócio da piscicultura no país, os Empreendedores também chamados de Piscicultores estão cada vez mais sujeitos a fiscalização e controle, através dos órgãos de controle ambiental e também de outras áreas, que impõem diversas exigências, leis e regras, relacionados ao tipo de uso do terreno, das águas, da escolha, introdução e criação das espécies nativas ou adaptadas, assim como o aspecto sanitário como um todo.

O Empreendedor necessita legalizar o seu projeto junto ao IBAMA, além da obtenção da licença ambiental e a outorga do uso do recurso hídrico, junto ao IF (Instituto Florestal) e o DPRN (Departamento de Proteção de Recursos Naturais) respectivamente.

Por outro lado, é necessário também o alvará de licença sanitária junto à ANVISA (fiscalização federal) e dependendo da região, o documento equivalente junto à Secretaria Estadual e Municipal de Saúde (fiscalização estadual e municipal).

Finalmente, após a construção das instalações e a obtenção da licença de operação, efetua-se o registro como Piscicultor junto ao MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

Assim, para a piscicultura, o Empreendedor deve ter conhecimento:

 

https://www.abimaq.org.br/solucoes_tecnicas_imagens/criacao_de_peixe/cripei_regtec.xls

 Além disso, deve-se consultar o PROCON para a adequação dos seus produtos às especificações do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8078 de 11/09/90).

 


 

5.3.2 – NORMAS TÉCNICAS APLICÁVEIS – ABNT

  Segue abaixo uma pequena relação das Normas Técnicas da ABNT, referentes à piscicultura, podendo ser aplicadas nas diversas fases do processo de criação e também no controle de qualidade:

 https://www.abimaq.org.br/solucoes_tecnicas_imagens/criacao_de_peixe/cripei_normas_abnt.xls

 


 5.3.3 – RESPONSÁVEL TÉCNICO

 Para o negócio de piscicultura, uma vez que se trata da criação de animais aquáticos, recomenda-se que um médico veterinário ou outro profissional da área atue como responsável técnico, para garantir a qualidade dos peixes que serão fornecidos para o mercado.

Contudo, isso não significa que o Empreendedor está totalmente isento da fiscalização dos órgãos competentes, pois há a necessidade de inspeção periódica das instalações, qualidade da água, condições gerais das matérias-primas, etc.

 


 5.4 – OUTRAS INFORMAÇÕES

 Recomenda-se ficar atento e atualizado frente ao mercado, além de conhecer novas tendências, tecnologias e processos, objetivando realizar parcerias e fazer bons negócios. Para isto, existem diversos Cursos e Treinamentos, Entidades, Feiras e demais meios de comunicação pertinentes.

 


 5.4.1 – CURSOS E TREINAMENTOS

 Acqua & Imagem

Tel: (11) 4587-2496 – Fax: (11) 4587-2496

e-mail: acquaimagem@acquaimagem.com.br

site: https://www.acquaimagem.com.br

 


 

CPT – Centro de Produções Técnicas

R. Dr. João Alfredo, 130 - Viçosa - MG - CP: 1 - CEP: 36570-000

Tel: (31) 3899-7000 – Fax: (31) 3899-7091

e-mail: vendas@cpt.com.br

site: https://www.cpt.com.br/catalogo/060_0433.php

 


 

UOV – Universidade On Line de Viçosa

Tel: (31) 3899-7073

site: https://www.uov.com.br

 


 5.4.2 – ENTIDADES

 Segue abaixo uma lista de diversas Entidades que podem oferecer ao Empreendedor, uma série de informações e orientações para a implantação do negócio de piscicultura:

 ABIMAQ – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos

Av. Jabaquara, 2925 - São Paulo - SP - CEP: 04045-902

Tel: (11) 5582-6311 - Fax: (11) 5582-6312

e-mail: abimaq@abimaq.org.br

site: https://www.abimaq.org.br

 


 

ABRACOA – Associação Brasileira dos Criadores de Organismos Aquáticos

Av. Francisco Matarazzo, 455 - São Paulo - SP - CEP: 05031-900

Tel.: (11) 3672-8274

e-mail: abracoa@uol.com.br

site: www.abracoa.kit.net

 


 

ABRAQ – Associação Brasileira de Aqüicultura

site: https://www.pescar.com.br/abraq/

 


 

ANA – Agência Nacional de Águas

Setor Policial - Área 5 - Quadra 3 - Blocos B, L e M - Brasília - DF - CEP 70610-200

Tel: (61) 2109-5400

site: https://www.ana.gov.br

 


 

ASBRAER – Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural

SCLN 116 - Bloco F - Sala 218 - Edifício Castanheira - Brasília - DF - CEP: 70773-500

Tel: (61) 3274-3051 – Fax: (61) 3347-7114

email: portalasbraer@asbraer.org.br

site: https://www.asbraer.org.br

 


 

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

EMBRAPA Informação Tecnológica

PqEB – Parque Estação Biológica

Av. W3 Norte (final) - CP: 040315 - CEP: 70770-901 - Brasília – DF

Tel: (61) 3448-4162 – Fax: (61) 3272-4168

site: https://www.sct.embrapa.br

 


 

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

SCEN Trecho 2 - Ed. Sede - CP: 09870 - Brasília - DF – CEP: 70818-900

site: www.ibama.gov.br

 


 

Instituto de Pesca

Tel: (11) 3871-7530 – Fax: (011) 3872-5035

site: https://www.pesca.sp.gov.br

 

MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Esplanada dos Ministérios - Bloco D - Anexo B - Térreo - CP: 02432 - Brasília - DF - CEP: 70849-970

DDG: 0800 704 1995 – Fax: (61) 3218-2401
site: https://www.agricultura.gov.br/

 


 

SBRT – Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas

site: https://sbrt.ibict.br

 


 

SEAP – Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca

Esplanada dos Ministérios - Bloco D - Brasília - DF - CEP: 70043-900

Tel: (61) 3218-3838 – Fax: (61) 3224-5049

e-mail: comunicacao@seap.gov.br

site: https://www.presidencia.gov.br/seap

 

SEBRAE – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

Unidades em todo o Brasil

site: https://www.sebrae.com.br

 


 5.4.3 – FEIRAS E EVENTOS

 Aqua & Pesca / FENACAM

Centro de Convenções - Natal - RN

e-mail: fenacam@fenacam.com.br

site: https://www.fenacam.com.br

 


 

Aquafair

Expominas – Centro de Exposições de Minas Gerais - Belo Horizonte - MG

e-mail: aquafair@gessulli.com.br

site: https://www.aquafair.com.br

 

Congresso Brasileiro de Produção de Peixes Nativos de Água Doce

Embrapa Agropecuária Oeste / Embrapa Pantanal

site: https://www.cpao.embrapa.br/congressopeixe

 


 

UBRAFE – União Brasileira de Feiras e Eventos

site: https://www.ubrafe.com.br

 


 5.4.4 – NOTÍCIAS

 Pesca Brasil

site: https://www.pescabrasil.com.br

 


 

Pescar

Página do Piscicultor

site: https://www.pescar.com.br

 


 

Rede Água

site: https://www.redeagua.com.br

 


 

Revista da Terra

site: https://www.revistadaterra.com.br

 

 


 CRIAÇÃO DE PEIXE

Fontes consultadas

 

ARTIGOS TÉCNICOS:

 ABRAPPESQ – Associação Brasileira de Piscicultores e Pesqueiros

Temas:

- Aquicultura Orgânica

- Manejo de Peixes no Inverno

- Peixes com Gosto de Barro

- Transporte de Peixes

Dias, Euclydes Ruy de Almeida

Maruyama, Lidia Sumile

Tema: Qualidade da Água na Aquicultura

Pádua, Heloísa Bernardo de

Tema: Saiba quantos Peixes têm na sua Piscicultura

Dias, Euclydes Ruy de Almeida

site: https://www.abrappesq.com.br

 


 CEPLAC / CENEX

Tema: Criação Racional de Peixes

Caldas, Marta Emília Moreno do Rosário

site: https://www.ceplac.gov.br

 


 Pesca Brasil

Aquicultura

site: https://www.pescabrasil.com.br

 

Revista da Terra

Tema: Aquicultura – Piscicultura

site: https://www.revistadaterra.com.br

 


 CONCEITO DE CRIAÇÃO DE PEIXE:

 

Revista da Terra

Tema: Aquicultura – Piscicultura

site: https://www.revistadaterra.com.br

 


 Rio Doce Piscicultura

site: https://www.riodocepiscicultura.com.br

 


 SEBRAE – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

site: https://www.sebrae.com.br

 


 ENTIDADES:

 ABIMAQ – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos

Av. Jabaquara, 2925 - São Paulo - SP - CEP: 04045-902

Tel: (11) 5582-6311 - Fax: (11) 5582-6312

e-mail: abimaq@abimaq.org.br

site: https://www.abimaq.org.br

 


 

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

Rua Minas Gerais, 190 - Higienópolis - São Paulo - SP - CEP: 01244-010
Tel: (11) 3017-3600

Unidades também no DF, MG, RJ e RS

Postos de intermediação em todo o Brasil  
e-mail: atendimento.sp@abnt.org.br

site: https://www.abnt.org.br

 


 ABRAPPESQ – Associação Brasileira de Piscicultores e Pesqueiros

Jundiaí - SP

Tel: (11) 4526-6553

site: https://www.abrappesq.com.br

 


 SBRT – Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas

site: https://sbrt.ibict.br

 


 

SEBRAE – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

Unidades em todo o Brasil

site: https://www.sebrae.com.br

 


 CRIAÇÃO DE PEIXE:

 Pescar

Página do Piscicultor

Apostila de Piscicultura

site: https://www.pescar.com.br

 


 Rio Doce Piscicultura

site: https://www.riodocepiscicultura.com.br

 


 SBRT – Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas

Arquivo sbrt2464 - Viabilidade da aqüicultura no rio São Francisco.

Palavras chave: Aquicultura; Piscicultura

Arquivo sbrt2636 - Criação de Peixe

Palavras chave: Peixe; Piscicultura; Tilápia

Arquivo sbrt6581 - Criação de peixes em água doce

Palavras chave: Criação; Peixe; Piscicultura; Tanque-rede

site: https://sbrt.ibict.br

 


 SEBRAE – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

Ponto de partida para início de negócio – Criação de peixe

Unidade Minas Gerais - MG

site: https://www.sebrae.com.br

 

SEBRAE – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

Idéias de Negócios – Criação de Peixes

site: https://www.sebrae.com.br

 


 LEGISLAÇÃO E/OU NORMALIZAÇÃO:

 ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

site: https://www.anvisa.gov.br

 


 SEBRAE – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

site: https://www.sebrae.com.br