COMO FAZER CRIAÇÃO Texto: Maria Cristina Frota
conversão alimentar, a tilápia é um dos peixes mais procurados pelos criadores. |
PRESENTE DO EGITO A tilápia é hoje o peixe mais criado no mundo.
No Brasil, mais especificamente no Vale do Ribeira, a produção anual pode chegar a 12 toneladas por hectare. O motivo para essa unanimidade não é apenas o sabor suave da sua carne, cada vez mais procurada para o preparo de sashimis. Para começar, a tilápia come menos ração e cresce mais. Enquanto os demais peixes oferecem uma conversão alimentar de 1,6, nas tilápias essa conversão é de 1,3. Explicando melhor: para se obter um quilo de carne de tilápia, o consumo de ração é de 1,3 quilo, ou seja, uma economia de 300 gramas de ração para a mesma quantidade de carne, pois ela complementa a alimentação comendo o plâncton dos tanques.
A prolificidade é outra qualidade da tilápia: reproduz-se quatro vezes por ano, menos nos meses mais frios. Além disso, é um peixe rústico, que sobrevive em qualquer ambiente, mesmo em água com baixos níveis de oxigênio. Por isso, costuma-se dizer que a tilápia sobrevive até mesmo em uma poça d'água. Um estranho hábito das tilápias - sugar a pele das companheiras - permite que elas fiquem livres da lernea, parasita que se aloja na pele e se reproduz nas brânquias, responsável pela morte de peixes e fechamento de muitos pesqueiros.
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CRIAÇÃO
Atualmente, a espécie mais procurada pelos piscicultores é a tilápia-do-nilo (Oreochromis nilotica). Originária do Egito, foi introduzida no Brasil há mais de 20 anos. É fácil de ser criada, possui carne saborosa e apresenta bom rendimento, sendo que o crescimento dos machos gira em torno de 800 gramas ao ano. Espaço não é problema para criar tilápias: é possível iniciar a criação até mesmo em uma caixa d'água de mil litros. Para que elas se desenvolvam bem, a quantidade recomendada é um peixe por metro quadrado. A densidade pode ser aumentada com a utilização de aeradores à noite. Se o objetivo for a venda de alevinos, coloca-se casais nos tanques. Para pesqueiros, o ideal é adquirir tilápias-macho revertidas. As fêmeas crescem menos e, quando começam a se reproduzir, causam uma superpopulação nos viveiros, o que aumenta a competição alimentar, prejudicando o crescimento dos peixes. Além disso, os filhotes costumam roubar as iscas. A reversão sexual é feita em laboratórios, retirando-se os ovos fecundados da boca da fêmea e colocando-os em uma incubadora, onde recebem hormônio masculino na água. É possível também reverter o sexo das tilápias adicionando-se os hormônios na ração dos alevinos. |
![]() Registro ![]() Texto: Maria Cristina Frota Fotos: Ernesto de Souza |
REGISTRO
O investimento inicial inclui a compra de alevinos, que podem ser adquiridos por 80 reais o milheiro. As tilápias podem ser criadas em tanques escavados (o mais comum) ou em tanques-rede, um tipo de gaiola. O pH da água deve ficar em torno de 7; para correção, deve-se aplicar calcário dolomítico e, depois de uma semana, adubo orgânico. A transparência da água deve ser de 30 a 50 centímetros. O viveiro para criar as tilápias precisa ser parecido com o ambiente de um rio. A água tem de sair pelo fundo e para isso utiliza-se o sistema de monge.
Temperaturas abaixo de 15 graus prejudicam o desenvolvimento desses peixes. Em seis meses elas atingem tamanho e peso ideais para ser comercializadas. Atualmente a tilápia é bastante procurada em supermercados, restaurantes e bares. Seu preço fica em torno de quatro reais o quilo, quando adquirida do produtor. Para a criação comercial é necessário o registro de aquicultor.
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